
Hai un sangue, un respiro.
Sei fatta di carne
di capelli di sguardi
anche tu. Terra e piante,
cielo di marzo, luce,
vibrano e ti somigliano ‒
il tuo riso e il tuo passo
come acque che sussultano ‒
la tua ruga fra gli occhi
come nubi raccolte ‒
il tuo tenero corpo
una zolla nel sole.
.
Hai un sangue, un respiro.
Vivi su questa terra.
Ne conosci i sapori
le stagioni i risvegli,
hai giocato nel sole,
hai parlato con noi.
Acqua chiara, virgulto
primaverile, terra,
germogliante silenzio,
tu hai giocato bambina
sotto un cielo diverso,
ne hai negli occhi il silenzio,
una nube, che sgorga
come polla dal fondo.
Ora ridi e sussulti
sopra questo silenzio.
.
Dolce frutto che vivi
sotto il cielo chiaro,
che respiri e vivi
questa nostra stagione,
nel tuo chiuso silenzio
è la tua forza. Come
erba viva nell’aria
rabbrividisci e ridi,
ma tu, tu sei terra.
Sei radice feroce.
Sei la terra che aspetta.
_
Tens um sangue, um sopro.
Feita de carne
de cabelos de olhares
também tu. Terra e plantas,
céu de Março, luz
vibram e assemelham-te –
o teu riso e o teu passo
como águas em sobressalto –
a tua ruga entre os olhos
como nuvens encolhidas –
o teu corpo brando
um torrão ao sol.
.
Tens um sangue, um sopro.
Habitas esta terra.
Conheces-lhe os sabores
as estações os despertares,
brincaste ao sol,
falaste connosco.
Água clara, rebento
primaveril, terra,
silêncio germinante,
tu brincaste menina
debaixo de um céu diferente,
tens nos olhos o silêncio
uma nuvem que jorra
como fonte do fundo.
Ora ris ora estremeces
neste silêncio.
.
Doce fruto que vives
debaixo do céu claro,
que respiras e vives
esta nossa estação,
a tua força reside
no teu silêncio fechado.
Como erva viva no ar
arrepias-te e ris,
mas tu, tu és terra.
És raiz feroz.
És a terra que espera.
Foto Hugo Joel / Texto Cesare Pavese (trad. C. Nunes de Almeida)
Estou um pouco desiludido convosco.
ResponderEliminarO texto, embora do Pavese, é chato, é infantil, é insosso. Claro que pensam o contrário. Certamente que encontram no texto o universal, a natureza e a vida no seu esplendor, a transiência das coisas! Mas eu encontro muito artifício e pouca emoção, e foi isso que senti ao ler. Sente-se a ler o que o escritor sentiu ao escrever.
Quanto à imagem, está boa. Porém, não gosto de ver essa pessoa naquilo que parece ser a capa dum álbum duma qualquer banda gótica.
abraços e beijinhos
Claro que nao concordo. Claro que o Pavese é melancolico aqui, como em todos os textos deste conjunto, mas isso nao o torna "artificial" ou "infantil". E' uma poesia que segue rente à terra, que a evoca continuamente... Na minha opiniao, isso justifica a propositada "ingenuidade" (para nao dizer infantilidade)que tu apontas. E' a voz de um "sujeito-terra" cantando um "outro-também-terra". A pureza da linguagem, a crueza dessa voz, tinham de ser evidentes.
ResponderEliminarQuanto à foto, nao tenho grandes comentarios a fazer. Parece-me que reflecte bem a atmosfera barrenta, melancolica, do poema. A melancolia nao tem de ter necessariamente uma conotaçao "gotica" ou tétrica - mas também, para dizer a verdade, nao tenho nada contra o lirismo desse tipo...
De qualquer modo, sao interpretaçoes e leituras possiveis. E sao bem-vindas, Dinisinho: sinal de que andas bem acordado à meia-noite meia.
Um beijinho.
Ah, esqueci-me: se calhar o teu comentario nem era uma critica... E' que hoje é o dia das mentiras, nao é??? (Também conhecido aqui em Italia por "Pesce d'Aprile")
ResponderEliminarUm sorriso grande para ti.
Heeheheh, não, não era comentário do dia das mentiras, mas ontem à noite embirrei com o texto do Pavese.
ResponderEliminarEu percebi muito bem o texto. Só que não gosto dele. Prefiro mais ver essa voz "sujeito-terra", por exemplo, na tua poesia.
Quanto à imagem, não me transmite melancolia mas sim algo mais mórbido. Não tenho nada contra isso. O poema tem céu, tem água, primavera, sol e terra.
beijinhos e Happy April Fools!
p.s- em Itália acham o Pirandello genial? Eu ando a descobrir agora...
la raccolta nella quale è inclusa questa poesia, si chiama:" Verrà la morte e avrà i tuoi occhi", quindi puo' esserci anche del gotico in tutto ciò, come puo' esserci una vena infantile, nella sofferenza...in questo stesso periodo Pavese si toglie la vita a soli 42 anni dopo una notevolissima produzione letteraria.
ResponderEliminarBaci Blanca e diffondi il verbo pavesiano in terra lusitana
Non so chi sei, ma le tue parole mi sembrano molto giuste. Grazie per il comment: questa raccolta merita davvero un intensissimo (e attentissimo) ascolto. Perchè la voce che ci parla è rara. Secondo me, cambia sempre un po' con l'età delle pagine - come noi.
ResponderEliminarFarò il possibile per condividerla.