
Horizontal, sí, te quiero.
Mírale la cara al cielo,
de cara. Déjate ya
de fingir un equilibrio
donde lloramos tú y yo.
Ríndete
a la gran verdad final,
a lo que has de ser conmigo,
tendida ya, paralela,
en la muerte o en el beso.
Horizontal es la noche
en el mar, gran masa trémula
sobre la tierra acostada,
vencida sobre la playa.
El estar de pie, mentira:
sólo correr o tenderse.
Y lo que tú y yo queremos
y el día —ya tan cansado
de estar con su luz, derecho—
es que nos llegue, viviendo
y con temblor de morir,
en lo más alto del beso,
ese quedarse rendidos
por el amor más ingrávido,
al peso de ser de tierra,
materia, carne de vida.
En la noche y la trasnoche,
y el amor y el trasamor,
ya cambiados
en horizontes finales,
tú y yo, de nosotros mismos.
Não conhecia este Pedro Salinas. A língua espanhola, embora possa parecer, à 1ª vista, rude e feia, tem uma beleza astral. Uma voz grave a declamar este poema dá-lhe densidade.
ResponderEliminarSugiro que visitem a página do poeta Juan Carlos Mestre.
Hugo, continuas a saber representar o feminino excepcionalmente.
abraços
Eu também não conhecia até há pouco tempo. Um poeta espanhol da geração de Garcia Lorca. Por sorte, é muito traduzido e amado aqui em Itália e os livros dele cruzaram-se comigo.
ResponderEliminarDe tudo o que já li sofregamente dele, parece-me ser um dos poetas do século XX mais brilhantes no mover da palavra - como se fosse realmente um corpo - e também na composição ritmica - como se fossem dois corpos. Um erotismo límpido, uma construção do amor muito simples, uma reiteração cristalina do outro e do eu e do outro e do eu. Mas tudo revestido de uma voz sempre tão nova, tão boa de escutar...
Porque tens razão, Dinisinho: isto dito por esta língua espanhola é outra coisa!
Besos.