VENTO TOLO
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Canto XXXV
VENTO TOLO
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Canto XXXV
Porque no Impossível é que está a realidade. Lóri suportava a luta porque Ulisses, na luta com ela, não era seu adversário: lutava por ela.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Canto XXXIV
Desta vez falo com os óculos postos
como as pessoas que falam a verdade.
Acredita. As saias os cabelos já não têm
um ar condicionado agora estou às escuras
aprendi a ir pela sombra quando vou com o teu nome.
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Ai flor ai flor do sol a pino, quando vim para Julho
para a frente do mar vim com o teu nome vestido todo
abotoado às costas. Vim no teu cachecol de quilómetros.
E degolei a ventoinha. Mandei arrancar o limoeiro que havia
na ponta da língua. Mandei arrancar uma a uma
as unhas de gelo.
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Acredita. Gosto mais de murchar à beira do teu copo.
Gosto de abrir o decote e mostrar o escaldão
Canto XXXIII
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Aquilo que às vezes parece
um sinal no rosto
é a casa do mundo
é um armário poderoso
com tecidos sanguíneos guardados
e a sua tribo de portas sensíveis.
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Cheira a teias eróticas. Arca delirante
arca sobre o cheiro a mar de amar.
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Mar fresco. Muros romanos. Toda a música.
O corredor lembra uma corda suspensa entre
os Pirinéus, as janelas entre faces gregas.
Janelas que cheiram ao ar de fora
à núpcia do ar com a casa ardente.
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Luzindo cheguei à porta
interrompo os objectos de família, atiro-lhes a porta.
Acendo os interruptores, acendo a interrupção,
as novas paisagens têm cabeça, a luz
é uma pintura clara, mais claramente me lembro:
uma porta, um armário, aquela casa.
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Um espelho verde de face oval
é que parece uma lata de conservas dilatada
com um tubarão a revirar-se no estômago
no fígado, nos rins, nos tecidos sanguíneos.
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É a casa do mundo:
desaparece em seguida
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Canto XXXII
Esta manhã que nasceu tão roxa
fica bem com as azáleas do quintal da vizinha.
Fica bem com o meu vestido que é roxo
e fica bem com os teus sapatos –
que não são roxos são beges
mas ficam bem com o gato do quintal da vizinha.
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É pena que não tenhas trazido as tuas melhores mãos.
Esta manhã vinha pedir-te que tirasses os atacadores
porque destoam.
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E que ficasses sem atacadores sem mágoas sem sono
completamente bege.
E que amachucasses a pele roxa
do meu vestido.
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Foto Hugo Joel / Texto C. Nunes de Almeida
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Canto XXXI - La RENTRÉE s'il vous plaît...
Cântico da Puberdade
Havia tanto tempo que a criança se picara no fuso
mas girava ainda nas caves do seu corpo primeiro
abotoada às rochas
do outro lado da tarde.
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Agora os sinos são maiores do que a capela.
As mãos já não são lugar onde o mar se amplie
onde o mar venha ladrar a quem passa.
Findam verões de pianos de cauda de gatos abandonados
à erosão daqueles dedinhos minerais.
As claves de sol entraram pela cozinha
misturaram-se com a carne das aves
bronzearam os músculos do pomar.
Fotos Hugo Joel / Texto C. Nunes de Almeida
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Canto XXX
Sei que dez anos nos separam de pedras
e raízes nos ouvidos
e ver-te, ó menina do quarto vermelho,
era ver a tua bondade, o teu olhar terno
de Borboleta no Infinito
e toda essa sucessão de pontos vermelhos no espaço
em que tu eras uma estrela que caiu
e incendiou a terra
lá longe numa fonte cheia de fogos-fátuos.
Foto Hugo Joel / Texto António Maria Lisboa, in "Ossóptico e Outros Poemas"